Universidade Federal do Acre
Pró-reitoria de Extensão e Cultura
Diretoria de Ações de Extensão


1: Identificação da proposta
Título

Informação é a melhor forma de prevenção: ações educativas para prevenção da gravidez na adolescência para estudantes do ensino médio no município de Cruzeiro do Sul-Acre

Coordenador

Ana Alice de Araújo Damasceno

A ação é desenvolvida exclusivamente em ambiente virtual?

Não

Local de realização

Escola Estadual de Ensino Médio Professor Flodoardo Cabral
Avenida 28 de setembro, 834, Bairro Escola Técnica

Cidade de realização

Outra(s) cidade(s)

Outra(s) cidade(s) de realização da ação

Cruzeiro do Sul

Área temática

Saúde, esporte e lazer

Área de Conhecimento

Ciências da Saúde

Centro/Unidade Integradora

Centro Multidisciplinar de Cruzeiro do Sul

Data de início da execução

13/06/2023

Data de término da execução

16/02/2024

Carga horária semanal da ação

10

Carga horária total da ação

110

Carga horária semanal do coordenador

5

Carga horária total do coordenador

70

2: Previsão de pessoas envolvidas
Estimativa de pessoas da comunidade externa a serem atendidas

800

A ação é desenvolvida ou tem parceria com alguma escola pública?

Sim

A ação é desenvolvida em parceria com outra(s) instituição(ões), em caso positivo identifique-a(s)

Escola pública de ensino médio Professor Flodoardo Cabral
CNPJ 01.456.552/0001-71

Arquivo do termo de cooperação ou documento de intenção da parceria (email, ofício, etc.) (PDF)

Não enviado

Não se aplica o termo de cooperação

True

3: Parceria com Escolas
escola
ESC FLODOARDO CABRAL
4: Detalhamento da Ação de Extensão
Apresentação/Resumo

A adolescência se caracteriza pela fase de transição entre a infância e a vida adulta. A OMS considera o período da adolescência a faixa etária situada entre 10 e 19 anos (WHO, 2004). É uma fase importante do desenvolvimento, com rápidas mudanças biológicas e psicossociais que afetam todos os aspectos da vida, especialmente no que diz respeito à sua saúde sexual e reprodutiva (WHO, 2014).
A gravidez na adolescência é vista como um desafio para a saúde pública, sendo um fenômeno global com causas bem definidas e conhecidas, com sérias consequências sociais, econômicas e de saúde (WHO, 2022). O Fundo de População das Nações Unidas, estima que aproximadamente 1 milhão de meninas com menos de 15 anos e 16 milhões de meninas entre 15 e 19 anos dão à luz a cada ano, sendo que 95% desses nascimentos estão concentradas em países em desenvolvimento (UNFPA, 2016). Além desse preocupante cenário, dados apontam que três quartos das meninas com um primeiro parto aos 14 anos ou menos tiveram um segundo parto antes de completar 20 anos, e 40% das que tiveram dois filhos tiveram um terceiro parto antes de completar 20 anos (UNFPA, 2022).
Existem diferenças significativas nos índices de gravidez na adolescência entre as regiões brasileiras. Análise sobre a da idade da primeira gravidez por regiões do Brasil apontou que a região Norte apresenta o maior percentual de gravidez entre 10 a 14 anos (5,44%; IC95% 4,27-6,62). A idade média da primeira gravidez por Unidade de Federação foi menor nos estados do Acre (18,9%; IC95%: 18,6-19,3), Roraima (19,1%; IC95%:18,6-19,6) e Amapá (19,2%; IC95% 18,8-19,7), estados da Região Norte do país (FERNANDES et al., 2019).
Existem vários fatores que contribuem para a ocorrência da gravidez na adolescência, entre os principais estão as questões socioculturais, onde a adolescente pode estar sob pressão para se casar e ter filhos cedo, ou podem ter perspectivas educacionais ou de trabalho muito limitadas. Em alguns casos, não sabem como evitar a gravidez ou ter acesso a métodos contraceptivos. Além disso, o casamento infantil e o abuso sexual infantil colocam as meninas em risco aumentado de gravidez na adolescência (WHO, 2012).
No Brasil, estudo com dados de inquérito nacional de base hospitalar, realizado entre 2011 e 2012, com 4571 puérperas adolescentes, verificou que a maioria das adolescentes eram da classe econômica C (média) (54,3%), pardas (62,3%), tinham escolaridade inadequada para a idade (64%) e viviam com companheiro (68%) (ASSIS et al., 2021).
Segundo o Ministério da Saúde do Brasil, os adolescentes têm direito ao atendimento no planejamento reprodutivo com garantia de privacidade, sigilo e consentimento informado, sem discriminação. Os serviços de saúde devem garantir esse atendimento, antes mesmo do início da atividade sexual e reprodutiva, incentivando comportamentos de prevenção e de autocuidado (BRASIL, 2018).
Dessa forma, a realização desse projeto de extensão busca garantir o direito ao acesso de conhecimentos sobre a saúde sexual e reprodutiva para adolescentes, buscando a diminuição da ocorrência de gravidez na adolescência e outros agravos relacionados.

Justificativa

A gravidez na adolescência é sempre considerada uma gravidez de risco, já que a adolescente nem sempre está preparada fisicamente e emocionalmente para a gestação. Muitas gestações precoces terminam em abortos provocados, realizados em condições adversas, que evoluem com problemas obstétricos contribuindo para o aumento da mortalidade materna neste grupo etário (BRASIL, 2018).
Estudo transversal, de base populacional, realizado no município de Rio Branco-Acre, identificou que aproximadamente 70% das gestações, que ocorreram no período de 2007 a 2008, eram em menores de 20 anos (BESSA et al., 2018). Outro resultado preocupante é apresentado no estudo de Costa e colaboradores sobre o aborto em gestantes adolescentes, também no estado do Acre. Os resultados apontaram que durante o período de 2015 a 2019 foram registradas 1349 internações de adolescentes por aborto no estado, correspondendo a 18% de todas as internações por aborto nesse período, sendo a maioria na capital Rio Branco (55,3%) e em Cruzeiro do Sul (11%) (COSTA et al., 2020).
Uma revisão sistemática que avaliou 67 estudos, identificou que o casamento precoce, uso de drogas, comportamentos sexuais de risco, experiência familiar de parto na adolescência, falta de educação sexual e de serviço de saúde aumentaram os riscos da gravidez na adolescência. Em contrapartida, a comunicação adequada com os pais, atividades escolares, reuniões comunitárias, leis e políticas governamentais para adolescentes foram descritas como fator de proteção para a ocorrência da gravidez na adolescência (CHUNG et al., 2018).
Buscando prevenir a gravidez na adolescência, bem como o casamento infantil, os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável incluíram em sua agenda 2030 o indicador 3.7.2 "Taxa de natalidade em adolescentes (10-14 anos; de 15 a 19 anos) por 1000 mulheres nessa faixa etária", e o indicador 5.3.1 "Proporção de mulheres de 20 a 24 anos casadas antes dos 18 anos" (WHO, 2022).
No Brasil, outro fator que pode ter impacto na ocorrência da gravidez na adolescência é a Lei nº 12.015, 2009 que estabelece como estupro de vulnerável a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com criança ou adolescente menor de 14 anos, ainda que haja consenso. A pena para esse crime é de 8 a 15 anos de reclusão (BRASIL, 2009).
A enfermagem tem papel fundamental na multiplicação dos conhecimentos em saúde, principalmente quando esses estão diretamente relacionados à prevenção de agravos e a promoção da saúde. As ações educativas em saúde nas escolas se constituem numa ferramenta facilitadora para a disseminação de conhecimentos entre os adolescentes, e podem ter impacto significativo na diminuição da gravidez indesejada e outros agravos a saúde sexual e reprodutiva desse grupo.

Objetivo Geral

Realizar ações educativas para a prevenção da gravidez na adolescência, no município de Cruzeiro do Sul, Acre.

Objetivos Específicos

- Discutir a gravidez na adolescência e suas implicações sociais;
- Orientar os adolescentes sobre medidas de saúde sexual e reprodutiva;
- Explicar os riscos da atividade sexual precoce e desprotegida;
- Estreitar o vínculo entre universidade e comunidade.

Metodologia

Este projeto propõe a realização de ações educativas na escola pública de Ensino médio Flodoardo Cabral, localizada da cidade de Cruzeiro do Sul, Acre, buscando o compartilhamento de conhecimentos com os adolescentes e a conscientização sobre os agravos abordados.
No primeiro momento será realizado um treinamento com os acadêmicos que fazem parte do projeto para que estes estejam aptos a realizarem as ações educativas. Em seguida, será realizada uma reunião com a equipe gestora da Escola Flodoardo Cabral para apresentação do projeto e discussão da execução das atividades e elaboração do cronograma.
As atividades educativas acontecerão através de encontros periódicos de ocorrência semanal com duração média de 50 minutos, com o intuito de fornecer aos alunos participantes conhecimentos sobre a prevenção da gravidez na adolescência.
Será sugerido aos gestores da escola a utilização dos horários da disciplina de Campos de Integração Curricular (CIC) para a execução das atividades. Cada atividade será conduzida por no mínimo dois acadêmicos de enfermagem integrantes do projeto.
As atividades serão compostas pelas seguintes etapas: momento de apresentação e quebra-gelo (5min), avaliação de conhecimentos prévios e discussão sobre a temática (30min), fortalecimento dos principais pontos abordados (10min) e avaliação(5min).
As atividades educativas comtemplarão temas diferenciados e serão abordados de forma descontraída valorizando conhecimentos prévios dos participantes sobre os temas que serão discutidos.

Conteúdos a serem abordados

Atividades educativas, expositivas e discursivas sobre:
- Aparelho reprodutor feminino e masculino e gravidez;
- Gravidez indesejada, aborto e suas consequências;
- Métodos contraceptivos e uso correto do preservativo feminino e masculino

Acompanhamento e Avaliação da ação

O acompanhamento e a avaliação do projeto se darão de forma contínua e participativa e compreenderá:
- Reuniões com professores das turmas onde serão realizadas as atividades;
- Avaliação após cada atividade pelos adolescentes utilizando um instrumento a ser construído pela equipe do projeto;
- Reuniões mensais entre o grupo executor das atividades para discutir a metodologia utilizada e avaliar as ações;
- Relatórios emitidos pelo coordenador do projeto para registro e avaliação das atividades desenvolvidas.

Resultados e/ou impactos esperados

Espera-se conscientizar os estudantes sobre os impactos negativos da gravidez na adolescência, e dessa forma disseminar conhecimentos de promoção e prevenção à saúde sexual desse grupo, buscando a diminuição da ocorrência de gravidez indesejada, abortos, mortes maternas, abandono infantil e desestruturação familiar.

Referências

ASSIS, T, S, C. et al. Pregnancy in adolescence in Brazil: associated factors with maternal age. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, Recife, v.21, n.4, p.1055-1064, out. 2021.

BESSA, A. R. S. et al. Delivery and postpartum care in Rio Branco in the northern state of Acre, Brazil: a population based survey. J Hum Growth Dev, São Paulo, v. 28, n. 1, p. 69-76, jan. 2018.

BRASIL. Lei nº 12.015, de 07 de agosto de 2009. Altera o Título VI da Parte Especial do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. ART- 217-A. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 07 ago.2009. Acesso em: 22 de set. de 2022. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm#art3

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Proteger e cuidar da saúde de adolescentes na atenção básica. Brasília: DF, 2018. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/proteger_cuidar_adolescentes_atencao_basica_2ed.pdf. Acesso em: 25 de mai. de 2022.

CHUNG, H. W.; KIM, E. M.; LEE, J. Comprehensive understanding of risk and protective factors related to adolescent pregnancy in low‐ and middle‐income countries: A systematic review. Journal of Adolescence, v. 69, n. 1, p. 180–188, 26 dez. 2018.

COSTA, R. S. L. et al. Internação de adolescentes por aborto no estado do acre no período de 2015 a 2019. DêCiência em Foco, [S. l.], v.4, n.1, p.109-122. jun. 2020.

FERNANDES, F. C. G. DE M.; SANTOS, E. G. D. O.; BARBOSA, I. R. Age of first pregnancy in Brazil: data from the national health survey. Journal of Human Growth and Development, v. 29, n. 3, p. 304–312, 12 dez. 2019.

WHO. World Health Organization. WHO Adolescent Pregnancy. Issues in Adolescent Health and Development. Geneva, Switzerland. World Health Organization, 2004. Disponível em: <bulletin_1995_Vol73_supp_(part1).pdf;jsessionid=9962DD733A8A1AC2389B1EC6C6E5DDF7>. Acesso em: 22 de jul. de 2022.

WHO. World Health Organization. Prevenir el embarazo precoz y los resultados reproductivos adversos en adolescentes en los países en desarrollo: las evidencias (2012). Geneva, Switzerland. World Health Organization, 2012. Disponível em: <https://www.who.int/es/publications/i/item/9789241502214> . Acesso em: 19 set. 2022

WHO. World Health Organization. World Health Organization. Health for the world's adolescents: a second chance in the second decade: summary. Genebra, Suíça. World Health Organization, 2014. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/WHO-FWC-MCA-14.05. Acesso em: 25 mai. 2022.

WHO. World Health Organization. Adolescent pregnancy. Geneva, Swtzerland, 2022. Disponível em: <www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/adolescent-pregnancy> Acesso em: 19 set. 2022

UNFPA. UNITED NATIONS POPULATION FUND. Universal Access to Reproductive Health progress and challenges. New York [s.l: s.n.]. 2016. Disponível em: < https://unfpa.org/sites/default/files/pub-pdf/UNFPA_Reproductive_Paper_20160120_online.pdf> .Acesso em: 26 mai. 2016

UNFPA. UNITED NATIONS POPULATION FUND. The invisible crisis before our eyes. In: [s.l: s.n.]. p. 9–17. 2022. https://doi.org/10.18356/9789210015004c003

5: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU)

Selecione um ou mais objetivos. Quantidade de itens selecionados: 0

6: Equipe de Trabalho
Nome completo modalidade Instituição Outras Carga horária semanal Carga horária total
Karén Priscila Souza Holanda Voluntário UFAC 10 110
Millena Araújo Calista Voluntário UFAC 10 60
Abikeyla Franklin Ferreira Voluntário UFAC 10 60
Quemilly Araújo Nogueira Voluntário UFAC 10 110
Francisco José dos Santos Silva Voluntário UFAC 10 110
Fernanda da Silva Nogueira Voluntário UFAC 10 110
Lucas Silva de Araújo Voluntário UFAC 10 60
Ana Alice de Araújo Damasceno Coordenador UFAC 5 70
7: Financiamento Externo
Documentos complementares (PDF)

Não enviado

A ação conta com Financiamento externo?

Não

Nome da instituição

CNPJ

Valor do Financiamento

R$ 0,00

Informações adicionais

Comprovante de parceria ou aprovação do Finaciamento (PDF)

Não enviado