Universidade Federal do Acre
Pró-reitoria de Extensão e Cultura
Diretoria de Ações de Extensão


1: Identificação da proposta
Título

Ações educativas sobre acidentes ofídicos em indígenas no Alto Juruá, Acre

Coordenador

Tamires Nascimento da Costa

A ação é desenvolvida exclusivamente em ambiente virtual?

Não

Local de realização

Casa de Saúde Indígena do Alto Rio Juruá, localizada em Mâncio Lima – Acre. Endereço: Rua 21 de Abril, S/N, Guarani, 69990-000
Distrito Sanitário Especial Indígena do Alto Rio Juruá, localizado em Cruzeiro do Sul – Acre. Endereço: Rua Floriano Peixoto, 234 - Centro 69980-000

Cidade de realização

Outra(s) cidade(s)

Outra(s) cidade(s) de realização da ação

Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima (Acre)

Área temática

Saúde, esporte e lazer

Área de Conhecimento

Ciências da Saúde

Centro/Unidade Integradora

Centro Multidisciplinar de Cruzeiro do Sul

Data de início da execução

03/05/2023

Data de término da execução

03/05/2024

Carga horária semanal da ação

7

Carga horária total da ação

350

Carga horária semanal do coordenador

7

Carga horária total do coordenador

350

2: Previsão de pessoas envolvidas
Estimativa de pessoas da comunidade externa a serem atendidas

200

A ação é desenvolvida ou tem parceria com alguma escola pública?

Não

A ação é desenvolvida em parceria com outra(s) instituição(ões), em caso positivo identifique-a(s)

Distrito Sanitário Especial Indígena do Alto Rio Juruá (DSEI-ARJ) CNPJ: 00394544006388

Casa de Saúde Indígena (Casai- ARJ) CNPJ: 00394544006388

Arquivo do termo de cooperação ou documento de intenção da parceria (email, ofício, etc.) (PDF)

Não enviado

Não se aplica o termo de cooperação

True

3: Parceria com Escolas

Não informado.

4: Detalhamento da Ação de Extensão
Apresentação/Resumo

A grande variedade dos povos indígenas brasileiros, traz uma vasta diversidade cultural e sociodemográfica das etnias. Estes povos vivem em diferentes territórios, onde geralmente estão inseridos próximos as florestas, em contato direto com a fauna e flora, potencializando uma vulnerabilidade e exposição dos índios aos acidentes por animais peçonhentos (FREITAS et al., 2019).
Dentre os acidentes por animais peçonhentos, o envenenamento por serpentes é o principal deles, representando um grave problema de saúde pública nos países tropicais devido as grandes frequências com que ocorrem principalmente nos campos e áreas rurais, ocasionando muitas vezes altas taxas de morbimortalidade, incapacidades e letalidade (YAÑEZ-ARENAS et al., 2016).
Em decorrência do grande número de casos e da gravidade dos acidentes ofídicos globalmente, em 2009 este agravo foi incluído na lista de Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs) pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Porém em 2013, os acidentes por animais peçonhentos foram removidos da lista de DTNs da OMS, e no ano de 2017 foram incluídos novamente (CHIPPAUX, 2017).
As populações indígenas no Brasil correm seis vezes mais risco de sofrer um acidente ofídico do que a população em geral, além de apresentar uma taxa de mortalidade maior (0,7%) do que na população geral (0,2%), este cenário pode ser justificado, pois as vítimas indígenas utilizam a medicina tradicional para reverter o quadro do envenenamento, podendo não procurar atendimento de saúde imediatamente após o acidente (SCHNEIDER et al., 2021).
Em várias regiões na Amazônia, incluindo o Acre, grande parte da população são compostas por indígenas, agricultores, extrativistas e ribeirinhos, muitas vezes isolados e sem energia elétrica, morando distantes de unidades de saúde e para encontrar atendimento hospitalar que contenham soro antiofídico é necessário se deslocar para grandes centros urbanos (PIERINI et al., 1996; FEITOSA et al., 2015; NASCIMENTO DA COSTA et al., 2020). Esta condição desfavorece a busca pelo tratamento ideal, prolongando o tempo do início da terapêutica soroterápica, onde muitas vezes grandes partes das vítimas são atendidas após seis horas do envenenamento. A demora entre a picada e a soroterapia favorece o surgimento de complicações e dos casos evoluírem com sequelas, que podem ocasionar o óbito (BERNARDE; MOTA-DA-SILVA; ABREU, 2015).
No Acre os acidentes ofídicos estão relacionados com atividades laborais da população tradicional, de atividades econômicas relacionadas ao campo, floresta e águas (PIERINI et al., 1996; MOTA-DA-SILVA et al., 2019). Os indígenas estão inseridos em ecossistemas naturais na Amazônia, em regiões que constituem em importantes fatores contribuindo para maior vulnerabilidade ao acidente ofídico (PIERINI et al., 1996; WALDEZ; VOGT, 2009; MOTA- DA-SILVA et al., 2019). Mesmo nos maiores centros urbanos podemos identificar agravos infecciosos relacionados aos ecossistemas florestais, em virtude de suas relações de proximidade espacial do homem com a natureza (CONFALONIERI, 2005).
Cada vez mais o conceito de One Health (Saúde Única) vem ajudando as comunidades compreender a dinâmica de uma picada de cobra, o homem e o meio ambiente. Os povos indígenas vêm enfrentando uma dificuldade no acesso aos cuidados médicos, decorrente a falta de estruturação do modelo de saúde implantado para os índios, potencializando aos indígenas uma visão errada sobre as causas e consequências dos acidentes ofídicos (SCHNEIDER et al., 2021).
Considerando a problemática causada pelos acidentes ofídicos e a prevalência do agravo no estado do Acre, faz-se necessário que sejam realizadas ações de educação em saúde sobre essa temática, podendo contribuir para melhoria na prevenção e cuidados de primeiros socorros.

Justificativa

Os acidentes por serpentes peçonhentas são um importante problema de saúde pública em diversas regiões do mundo, não sendo diferente nas populações indígenas, onde estão susceptíveis ao agravo, pois as aldeias estão localizadas em regiões de área de floresta ou ainda em lugares mais afastados.
Os indígenas recorrem muito mais a tratamentos da medicina tradicional e/ou alternativos em caso de acidentes ofídicos, podendo não procurar ou atrasar o tempo até a chegada ao atendimento hospitalar, ocasionando mais complicações.
Devido à morbidade dos envenenamentos por animais peçonhentos durante atividades florestais, devem existir índios com déficits funcionais ou outras sequelas devido ao histórico de acidentes. Assim, para agregar ao conhecimento tradicional, se faz necessário que indígenas e profissionais de saúde tenham conhecimento de prevenção e cuidados de primeiros socorros em áreas de florestas.
Dessa forma, constata-se a emergencial necessidade de educação permanente dos profissionais envolvidos, referentes a esses aspectos, pois os profissionais de saúde que atuam com as populações indígenas podem conhecer pouco sobre os efeitos (sintomas e sinais) dos envenenamentos causados pelas serpentes da região, especialmente da Bothrops atrox devido a sua maior abundância e consequentemente mais casos para a região do Alto Juruá.

Objetivo Geral

Desenvolver educação em saúde com indígenas e profissionais de saúde sobre condutas de prevenção e primeiros socorros em casos de acidentes ofídicos.

Objetivos Específicos

- Capacitar profissionais de saúde de nível superior e médio para o diagnóstico e tratamento com acidentes ofídicos em indígenas de abrangência ao DSEI- ARJ.
- Proporcionar ações educativas de primeiros socorros e de prevenção dos acidentes ofídicos com indígenas atendidos na Casa de Saúde Indígena (Casai).

Metodologia

O projeto será desenvolvido na Casai e no DSEI-ARJ. Serão realizadas ações educativas com duração de 15 minutos, por meio de palestras com indígenas atendidos na Casai sobre as serpentes peçonhentas da região e as que possuem maior importância epidemiológica no Vale do Juruá, o reconhecimento destas serpentes, os primeiros socorros e prevenção de acidentes ofídicos. Durante a palestra serão expostos cartazes com imagens das serpentes e condutas de primeiros socorros.
Os profissionais de saúde indígena do DSEI e da Casai serão capacitados por meio de palestras de 30 minutos com discussões acerca do tema, nesse momento terá a abordagem de conteúdos sobre a biologia e características das serpentes; classificação e diversidade de serpentes; reconhecimento das espécies peçonhentas da região; tipos de envenenamento e tratamento; primeiros socorros e prevenção de acidentes ofídicos.
Os discentes participantes serão responsáveis pelo levantamento bibliográfico das temáticas, organização do material didático, elaboração dos instrumentos e capacitação dos profissionais de saúde.

Conteúdos a serem abordados

- Biologia e características das serpentes;
- Classificação e diversidade de serpentes;
- Reconhecimento das serpentes peçonhentas;
- Tipos de envenenamento e tratamento;
- Primeiros socorros e prevenção de acidentes ofídicos.

Acompanhamento e Avaliação da ação

- Relatórios observacionais redigidos pelos discentes participantes sobre as atividades desenvolvidas no projeto;
- Reuniões com os profissionais de saúde da instituição para acompanhamento e discussões para a melhoria das atividades;
- Reuniões entre o coordenador, professores colaboradores e discentes executores das atividades para discutir a metodologia implementada e avaliar as ações;
- Relatórios emitidos pelo coordenador do projeto para registro e avaliação das atividades desenvolvidas.

Resultados e/ou impactos esperados

Espera-se que ao final do projeto de extensão sejam repassados aos atores envolvidos nessa ação, dados sobre as consequências oriundas dos acidentes com os animais peçonhentos nas populações indígenas, como forma de ajudá-los numa maior adoção e ou aceitação das medidas de prevenção dos envenenamentos ofídicos, aumentando o conhecimento sobre a diversidade de animais peçonhentos na região do Alto Juruá, a prevenção e tratamento nos casos de acidentes ofídicos. Além disso, esperamos que ocorra uma contribuição com o conhecimento dos profissionais de saúde sobre os acidentes ofídicos e consequentemente, a melhoria na qualidade da assistência dos casos.

Referências

BERNARDE, P.S.; MOTA-DA-SILVA, A.; ABREU, L.C. Ofidismo no Estado do Acre - Brasil. Journal of Amazon Health Science, v. 1, n. 2, p. 44–63, 2015.

CHIPPAUX, J.P. Snakebite envenomation turns again into a neglected tropical disease!Journal of Venomous Animals and Toxins Including Tropical Diseases, v. 23, n. 1, p.1– 2, 2017.

CONFALONIERI, U.E.C. Saúde na Amazônia: um modelo conceitual para a análise de paisagens e doenças. Estudos Avançados. volume 19, número 53. São Paulo, 2005.

FEITOSA E, SAMPAIO V, SACHETT J, CASTRO D.B.; NORONHA M.D.N.; LOZANO, J.L.L. et al. Snakebites as a largely neglected problem in the Brazilian Amazon: highlights of the epidemiological trends in the State of Amazonas. Rev Soc Bras Med Trop. 2015;48(suppl.1):34-41.

FREITAS, A.D. de; FEITOSA, C.A.; LIMA, A.D. Acidentes por serpentes peçonhentas (Squamata ; Reptilia) em indígenas. Revista Ouricuri. Juazeiro, Bahia, v.9, n.1. p.013-026. jan./jun., 2019.

MOTA-DA-SILVA A, SACHETT J, MONTEIRO WM, BERNARDE P.S. Extractivism of palm tree fruits: A risky activity because of snakebites in the state of Acre, Western Brazilian Amazon. Rev Soc Bras Med Trop. 2019;52:e-20180195.

NASCIMENTO DA COSTA, T. et al. Relationship between snake size and clinical, epidemiological and laboratory aspects of Bothrops atrox snakebites in the Western Brazilian Amazon. Toxicon, v. 186, n. June, p. 160–167, out. 2020.

PIERINI S.V, WARELL D.A, PAULO A, THEAKSTON R.D. High incidence of bites and stings by snakes and other animals among rubber tappers and Amazonian Indians of the Juruá Valley, Acre State, Brazil. Toxicon. 1996;34(2):225-36.

SCHNEIDER, M.C.; VUCKOVIC, M.; MONTEBELLO, L.; SARPY, C.; HUANG, Q.; GALAN, D.I.; MIN, K.D.; CAMARA, V.; LUIZ, R.R. Snakebites in Rural Areas of Brazil by Race: Indigenous the Most Exposed Group. Int. J. Environ. Res. Public Health 2021, 18, 9365.

WALDEZ F, VOGT R.C. Aspectos ecológicos e epidemiológicos de acidentes ofídicos em comunidades ribeirinhas do baixo rio Purus, Amazonas, Brasil. Acta Amazônica.
2009;39(3):681-92.

YAÑEZ-ARENAS, C. et al. Mapping current and future potential snakebite risk in the new world. Climatic Change, v. 134, n. 4, p. 697–711, 2016.

5: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU)

Selecione um ou mais objetivos. Quantidade de itens selecionados: 0

6: Equipe de Trabalho
Nome completo modalidade Instituição Outras Carga horária semanal Carga horária total
Ana Lice Andrade Rodrigues Colaborador discente UFAC 3 144
Kemilly Matias de Lima Colaborador discente UFAC 3 144
Paulo Sérgio Bernarde Colaborador UFAC 3 144
Gardênia Lima Gurgel do Amaral Colaborador UFAC 3 144
Tamires Nascimento da Costa Coordenador UFAC 7 350
7: Financiamento Externo
Documentos complementares (PDF)

Não enviado

A ação conta com Financiamento externo?

Não

Nome da instituição

CNPJ

Valor do Financiamento

R$ 0,00

Informações adicionais

Comprovante de parceria ou aprovação do Finaciamento (PDF)

Não enviado