Propedêutica em enfermagem: desenvolvendo conhecimento e aperfeiçoando habilidades em exame físico.

Charlene Maria Ferreira de Lima

Não

1)Hospital Regional do Juruá
2) Unidade de Pronto Atendimento do Vale do Juruá Jaques Pereira Braga

Outra(s) cidade(s)

Cruzeiro do Sul

Saúde, esporte e lazer

Ciências da Saúde

Centro Multidisciplinar de Cruzeiro do Sul

15/05/2023

15/05/2024

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Não

1) Hospital Regional do Juruá - CNPJ:08.563.756/0002-31.
2) Unidade de Pronto Atendimento do Vale do Jurúa Jaques Pereira Braga - CNPJ: 04.034.526/0034-01

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Definida como a ciência e arte de cuidar, a enfermagem assisti ao indivíduo, família e/ou comunidade atendendo suas necessidades básicas, de forma a torná-lo independente dessa assistência. Esta assistência pode ser pelo ensino do auto cuidado; do auxílio na recuperação, através da manutenção e promoção a saúde em colaboração com outros profissionais.
A enfermagem vem estabelecendo através dos anos sua base de conhecimento ao desenvolver um corpo de conhecimento próprio, teorias e modelos teóricos, que são aplicados junto aos pacientes através do método de trabalho chamado Processo de Enfermagem. (HORTA, 1979; BARROS, 2021).
O Processo de Enfermagem é a metodologia de trabalho em enfermagem mais conhecida e aceita no mundo, pois garante a qualidade da assistência, uma vez que permite fazer um diagnóstico das necessidades, planejar o cuidado adequado e avaliar a evolução do cliente, porém sua aplicação na prática clínica, desde sua adoção no Brasil ainda é incipiente. A resolução COFEN nº 358/2009 preconiza que a assistência de Enfermagem deve ser sistematizada por meio da implementação do Processo de Enfermagem em ambientes em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem. O planejamento da assistência é uma imposição legal e privativa do enfermeiro, cabendo-lhe o planejamento, a organização, coordenação, execução e avaliação da assistência de Enfermagem. O PE pode ser definido como um instrumento metodológico que norteia o cuidado profissional de Enfermagem, é a documentação da prática profissional, orientando sua utilização na prática clinica. De acordo com esta resolução, as etapas do PE são: 1) Coleta de dados de Enfermagem; 2)Diagnóstico de Enfermagem (DE); 3) Planejamento de Enfermagem; 4) Implementação e 5) Avaliação de Enfermagem (COFEN 2009; BARROS; LOPES,2010).
Na coleta de dados, primeira etapa do Processo de Enfermagem, realizam-se a anamnese e o exame físico dos pacientes, com o objetivo de coletar informações acerca do estado de saúde do indivíduo. Na anamnese, ou entrevista clínica, o objetivo é identificar as necessidades de saúde apresentada pelos pacientes, por meio de questionamentos estruturados de forma que o enfermeiro identifique as respostas humanas (reações frente ao processo patológico) apresentadas pelo paciente, estas podem ser biológicas, sociais, espirituais.
O exame físico que também compõe a primeira etapa do Processo de Enfermagem, é o elo entre a ciência e a arte da enfermagem. Por meio dele coleta-se os dados objetivos, apoiado no conhecimento de diversas disciplinas como anatomia e fisiologia. Para realização do exame físico o enfermeiro utiliza os métodos propedêuticos de inspeção, palpação, percussão e ausculta, contando também com o auxílio de instrumentos próprios como termômetro, estetoscópio, balança, fita métrica, lanterna clínica, entre outros. (BARROS, 2021). Os métodos propedêuticos utilizam os órgãos dos sentidos, sobretudo a visão, tato, audição e olfato para obter dados objetivos que indiquem alterações clínicas. A inspeção é uma observação criteriosa do indivíduo como um todo, inicialmente e depois de cada seguimento corporal isoladamente. Na inspeção são utilizados os sentidos da visão majoritariamente e também olfato. Durante a inspeção o enfermeiro deve observar dados associados à coloração, à umidade, integridade de peles e mucosas, forma, tamanho, simetria das estruturas corporais, distribuição de pelos, postura, presença e localização de dispositivos, entre outros. A inspeção pode caracterizada como estática, quando são observados apenas forma, estrutura, coloração e contornos anatômicos de um seguimento corporal ou dinâmica, observando os movimentos corporais. (BARROS, 2021; TANNURE, PINHEIRO, 2017). Na palpação, utiliza-se o tato para avaliar partes do corpo. São várias as técnicas utilizadas, as principais são: palpação com mão espalmada, palpação com o dorso da mão, fricção com algodão, palpação bimanual, em pinça, digito pressão, etc., podendo ser de forma profunda (aprofundando as mãos até 5cm) ou superficial (aprofundando as mãos até 1cm). Com a palpação pode-se perceber a presença de nódulos, textura da pele, temperatura. Na percussão é utilizado o golpeamento de partes do corpo de forma curta e firme. Permite avaliar a estrutura subjacente por meio de vibrações e sons produzidos ao golpear uma área. Os sons podem ser timpânicos, obtidos ao percutir regiões fechadas e com ar, som maciço obtidos ao se percutir estruturas áreas sólidas, desprovidas de ar, e submaciço que resultam da percussão de uma área com presença de ar em pouca quantidade. Pode ser direta, indireta ou dígito-digital, por piparote, punho percussão e percussão com as bordas das mãos. O último método propedêutico é a ausculta, utiliza a audição com intuito de avaliar os sons e ruídos produzidos pelos órgãos e observando o aparecimento de alterações, para auxiliar a audição utiliza-se o estetoscópio. (BARROS 2021; TANNURE, PINHEIRO, 2017).
Para a realização do Exame Físico o examinador necessita de conhecimentos científicos em anatomia, fisiologia, fisiopatologia, diagnóstico por imagem, análises laboratoriais, patologia clínica e semiologia, sem os quais ele não conseguirá detectar plenamente os problemas identificados e que necessitam de sua intervenção. É durante a graduação que o estudante tem contanto com as disciplinas que trabalham os métodos propedêuticos, para que possam futuramente, enquanto profissionais colocar em prática os conhecimentos e habilidade inerentes ao exame físico.

Ao assistir o paciente a enfermagem deve considerar os aspectos biopsicossociais e espirituais Faz-se necessário que o enfermeiro tenha conhecimento técnico e científico. para assistir o seu cliente. Ao realizar uma boa anamnese e um completo exame físico torna-se possível aumentar o elo de confiança entre profissional de saúde e cliente, coletar dados indispensáveis para o seu tratamento, identificar sinais e sintomas. Vale ressaltar que a anamnese e o exame físico, são as etapas inicias do PE. O enfermeiro tem encontrado dificuldades na aplicação da metodologia da assistência de enfermagem como instrumento científico de trabalho. Tais dificuldades estão diretamente relacionadas às precárias condições de trabalho, ao quantitativo insuficiente de funcionários e à formação acadêmica dos profissionais enfermeiros que não está voltada para a valorização da aplicabilidade da SAE e suas respectivas etapas. Outros aspectos relevantes à não aplicabilidade da SAE são o aprendizado tecnicista em detrimento de uma abordagem mais científica e a lógica da priorização do tratamento curativo. Vale ressaltar que é através da anamnese e do exame físico que é possível conhecer melhor os nossos clientes e planejar uma assistência não só curativa, mas também preventiva. demais etapas desse contato. (LIMA, et al 2020, SILVA 2015).
O exame físico representa um instrumento de grande valia para a assistência, uma vez que permite ao enfermeiro validar os achados da anamnese, identificar problemas, definir diagnóstico de enfermagem, planejar e implementar ações de enfermagem e acompanhar a evolução do paciente. A realização do exame físico de enfermagem é uma fase essencial da assistência sistematizada que deve ser executada de forma criteriosa pelos profissionais enfermeiros, visando uma atuação profissional científica. A identificação correta dos problemas apresentados pelos pacientes, através de uma avaliação clínica cuidadosa, torna-se fundamental para o desenvolvimento das ações do enfermeiro. O exame físico, como integrante da etapa inicial do processo de enfermagem, dispõe de capacidades importantes à sua execução e do embasamento do pensamento do examinador – que executará as demais fases –, reafirmando, assim, o seu caráter complexo. A realização do exame físico envolve competências técnicas (relacionadas ao domínio de determinadas especialidades), intelectuais (aplicação de aptidões mentais) e cognitivas (integração de capacidade intelectual e domínio de ações e conhecimentos).
pesquisas apontam que, nem sempre, o enfermeiro possui preparo adequado para a prática profissional. Consequentemente, apresenta dificuldades de compreensão e execução do PE contribuindo para descontinuidade da assistência e falta de comunicação entre equipe multidisciplinar, comprometendo a qualidade do trabalho prestado (SILVA, 2015).

Capacitar e estimular a realização do exame físico por efermeiros que atuam na assistência de enfermagem do Hospital Regional do Juruá e Unidade de Pronto Atendimento do Vale do Juruá Jaques Pereira Braga.

- Fornecer capacitação/atualização teórica-prática em exame físico para enfermeiros que atuam no Hospital do Juruá e Unidade de Pronto atendimento
- Desenvolver junto as unidades instrumentos de enfermagem para registro do exame físico.
- Realizar exame físico completo em pacientes internados na unidades.
- Discutir a importãncia do exame físico para o desenvolvimento do raciocínio clínico do profissional de enfermagem a partir dos casos clínicos.

O projeto será realizado em três etapas. Na primeira será realizado um nivelamento para a equipe de colaboradores do projeto,através de cursos voltados para a temática central. Os cursos serão ministrados pelo coordenador do projeto e demais professores que compõe a equipe. Após o período de preparo da equipe será iniciado a segunda etapa, onde parte da equipe será direcionada para o Hospital Regional do Juruá e outra para a Unidade de Pronto Atendimento, nestes locais serão realizadas as palestra de capacitação para os enfermeiros destas unidades.
A terceira etapa consistirá em encontros semanais entre os colaboradores do projeto e os enfermeiros assistenciais de cada unidade de saúde participante. Os mesmo divididos nas unidades de internação realizarão visitas aos pacientes previamente indicado pelo enfermeiro do setor para realização do exame físico, após realização do exame físico pelos colaboradores serão definidos pelos particiantes (colaboradores e enfermeiros do setor) os casos clínicos para discussão dos achados clínicos e assistência de enfermagem, com vistas ao aprimoramento do pensamento e raciocínio clínico dos acadêmicos e dos enfermeiros participantes.

- Desenvolvimento do pensamento crítico e raciocínio clínico em enfermagem.
-Processo de enfermagem como ferramenta para o aperfeiçoamento do raciocínio clínico em enfermagem.
- Sistematização da Assistência de Enfermagem e Processo de Enfermagem
- Etapas do Processo de Enfermagem
- Anamnese
- Exame físico geral
- Exame físico específico:
- Cabeça e pescoço
- Neurológico
- Sistema cardiovascular
- Sistema respiratório
- Sistema Digestório e Geniturinário
- Musculoesquelético

As ações de avaliação serão a partir da avaliação direta do professor coordenador do projeto. Reuniões de avaliação periódicas ao final de cada etapa. Na terceira etapa as reuniões ocorrerão semanalmente entre os professores e acadêmico e ao final de cada mês será realizada consulta aos enfermeiros participantes no decorrer do projeto.

Esperamos com o projeto incentivar a realização de uma avaliação de enfermagem de qualidade pelos enfermeiros assistenciais das unidades participantes, bem como motivar e qualificar os acadêmicos que fazem parte do projeto na realização do exame físico. Desta forma a realização do exame físico pelo enfermeiro, que apesar dos aspectos legais que a tornam obrigatória atualmente ainda é uma prática subjugada e relegada a segundo plano pela maior parte dos profissionais. Esperamos, portanto que aumente consideravelmente a realização do exame físico como rotina e que este seja feito com qualidade e que a partir destes profissionais capacitados e motivados outros profissionais busquem aperfeiçoar e colocar em prática.

AZEVEDO DM, et al. Da academia à realidade: uma reflexão acerca da prática do exame físico nos serviços de saúde. Sal & Transf Soc. 2013 4(4):106-110.

BARROS, Alba Lucia B L. Anamnese e exame físico: avaliação diagnóstica de enfermagem no adulto. Porto Alegre: Artmed, 2021.

BARROS, Alba Lucia B L. LOPES Juliana de Lima . A legislação e a sistematização da assistência de enfermagem. Enfermagem em Foco [Online], 1.2 (2010): 63-65. Disponível em:http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/17

Conselho Federal de Enfermagem. Resolução Cofen nº 358/2009. Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem. Disponível em: http://www.portalcofen.gov.br/Site/2007/materias.asp?ArticleID=10113&sectionID=34

HORTA, W. de A. Enfermagem: teoria das necessidades humanas básicas. Enf. Novas Dimens., São Paulo, 5(3):133-6, 1979.

LIMA, T. et al.; Exame físico na enfermagem: avaliação do conhecimento teórico-prático. Nursing (Säo Paulo) ; 23(264): 3906-3913, maio.2020. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio1102347#:~:text=Os%20dados%20revelaram%20%C3%ADndices%20de,f%C3%ADsico%20(73%2C8%25).

SILVA, C. M. C. DA .; TEIXEIRA, E. R.. Exame físico e sua integralização ao processo de enfermagem na perspectiva da complexidade. Escola Anna Nery, v. 15, n. Esc. Anna Nery, 2015 15(4), out. 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ean/a/mLtF4wzkKMGvDMnGxpVMqJG/?
lang=pt#

TANNURE MC, Pinheiro AM. SAE: Sistematização da Assistência de Enfermagem: Guia Prático. 3ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2017.

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